O Bitcoin (BTC) caiu abaixo de US$ 90.000 pela primeira vez em sete meses nesta terça-feira (18), sinalizando o rápido declínio do apetite por risco nos mercados financeiros. A criptomoeda, que perdeu todos os ganhos do ano, está agora quase 30% abaixo de seu pico de US$ 126.000 atingido em outubro. Durante o pregão europeu, chegou a ser negociada a US$ 89.286,75, e estava cotada a US$ 91.338,47 com queda de 0,5%.

Cerca de US$ 1,2 trilhão foi perdido do valor total de mercado de todas as criptomoedas nas últimas seis semanas, segundo a CoinGecko. Operadores atribuem a queda à aversão ao risco nos mercados em geral e à incerteza sobre futuros cortes nas taxas de juros dos EUA.

Joshua Chu, copresidente da Associação Web3 de Hong Kong, afirmou que a liquidação é amplificada por empresas e instituições listadas desfazendo-se de suas posições, o que agrava os riscos de contágio e acelera a deterioração da confiança. Joseph Edwards, da Enigma Securities, destacou que especuladores decepcionados com a falta de regulamentação favorável nos EUA estão retirando investimentos, causando saídas em ETFs. A pressão vendedora ocorre após a queda de outubro que liquidou US$ 19 bilhões em posições alavancadas.

Empresas que acumulam criptomoedas (como Strategy - MSTR.O), mineradoras (Riot Platforms - RIOT.O, Mara Holdings - MARA.O) e a corretora Coinbase (COIN.O) acompanharam o sentimento negativo. O Standard Chartered alertou que uma queda do Bitcoin abaixo de US$ 90.000 poderia deixar metade das reservas das empresas de tesouraria de criptomoedas "submersas" (valendo menos do que o preço de compra). Essas empresas detêm coletivamente 4% de todo o bitcoin em circulação.

O Ether também está sob forte pressão, perdendo quase 40% de seu valor desde o pico de agosto, acima de US$ 4.955. Matthew Dibb, diretor de investimentos da Astronaut Capital, concluiu que o sentimento geral em relação às criptomoedas está "bastante negativo" desde a acentuada queda da alavancagem em outubro.