Resultados fortes e novos investimentos em tecnologia compensam preocupações com tensões comerciais e a paralisação do governo dos EUA
O entusiasmo com o avanço da inteligência artificial (IA), os resultados sólidos dos grandes bancos dos EUA e uma recuperação nas pesquisas empresariais impulsionaram os mercados globais nesta quinta-feira, apesar das tensões comerciais com a China e da paralisação do governo americano.
Após o desempenho acima das expectativas da holandesa ASML, a taiwanesa TSMC previu um aumento de até 24% na receita do quarto trimestre, afirmando que "a megatendência da IA continua se fortalecendo". O movimento vem na sequência de novos acordos entre empresas de tecnologia e fabricantes de chips, como as parcerias da OpenAI com Nvidia, AMD e Broadcom para ampliar a capacidade de data centers em mais de US$ 1 trilhão. Um consórcio formado por BlackRock, Microsoft e Nvidia também anunciou a compra de uma das maiores operadoras de data centers do mundo por US$ 40 bilhões.
Os ganhos do setor de tecnologia se somam ao bom desempenho dos bancos americanos: ações do Morgan Stanley e do Bank of America subiram mais de 4% na quarta-feira, e o índice S&P 500 avançou 0,4%. Antes da abertura desta quinta, os futuros de Nova York e as bolsas europeias também operavam em alta, puxadas pela Nestlé, que subiu 9% após anunciar resultados positivos e um grande plano de reestruturação.
Mesmo com dirigentes do Federal Reserve (Fed) mantendo um tom mais cauteloso sobre novas reduções de juros, o mercado reagiu bem à melhora inesperada na pesquisa de negócios do Fed de Nova York. Os rendimentos dos Treasuries ficaram estáveis, o dólar recuou e o iene se fortaleceu após comentários do Banco do Japão sobre a necessidade de elevação dos juros.
Na Europa, o primeiro-ministro francês Sébastien Lecornu sobreviveu ao primeiro de dois votos de desconfiança com apoio do Partido Socialista, após prometer suspender a polêmica reforma da Previdência. O euro e as ações francesas subiram após o resultado.
Enquanto isso, o ouro renovou recordes de preço. O presidente Donald Trump declarou que os EUA estão "em uma guerra comercial", mas o secretário do Tesouro, Scott Bessent, indicou que Washington não pretende agravar as tensões e pode ampliar isenções tarifárias. Há expectativa de uma reunião entre Trump e Xi Jinping ainda neste mês na Coreia do Sul.
Nos EUA, um juiz da Califórnia suspendeu a decisão do governo de demitir milhares de servidores durante a paralisação, após sindicatos contestarem a legalidade da medida. Mais de 4.100 notificações já haviam sido emitidas, e os cortes poderiam superar 10 mil, o que adia parte do impacto imediato, mas amplia a incerteza política.
No Japão, o iene continuou se valorizando, e a curva de juros se achatou. Sanae Takaichi, líder do Partido Liberal Democrata, deve garantir apoio para se tornar a próxima primeira-ministra. O membro do Banco do Japão, Naoki Tamura, defendeu alta de juros, enquanto o ministro das Finanças, Katsunobu Kato, alertou o G7 sobre volatilidade cambial excessiva.
Na coluna de hoje, discuto por que a postura mais branda do Fed e as conversas sobre encerrar o aperto quantitativo contrastam com os sinais de força vindos dos bancos, e como isso pode tornar as condições financeiras ainda mais frouxas.
Com informações de Reuters