O euro está se aproximando da paridade com o dólar americano pela primeira vez em 20 anos - o que significa que ambas as moedas podem, em breve, valer a mesma coisa. Estrategistas cambiais estão divididos a respeito da concretização do movimento e também sobre o que isso significará para os investidores e a economia global.

Na manhã desta quinta-feira (19), na Europa, o euro estava girando em torno de US$ 1,05 dólar, após um declínio constante que dura quase um ano e começou em cerca de US$ 1,22 dólar, em junho passado. O euro chegou a US$ 1,03 dólar no início desta semana.

Já o dólar foi fortalecido pela aversão ao risco nos mercados globais com as preocupações a respeito da guerra da Rússia na Ucrânia, da inflação crescente e dos problemas na cadeia de suprimentos. Tudo isso somado a uma desaceleração do crescimento e apertos na política monetária que levaram os investidores a ativos tradicionais como "porto seguro".

O estreitamento entre as duas moedas também foi impulsionado pela divergência na política monetária entre os bancos centrais. No início deste mês, o Federal Reserve, dos EUA, elevou as taxas de juros em meio ponto percentual no segundo aumento em 2022, em busca de conter a inflação que atinge a máxima de 40 anos.

E o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou recentemente que o banco não hesitará em continuar aumentando as taxas até que a inflação caia a um nível administrável. A meta do Fed é de 2%.

Já o Banco Central Europeu (BCE), ao contrário do Fed e do Banco da Inglaterra, ainda não aumentou as taxas de juros, apesar da inflação recorde na zona do euro, mas sinalizou o fim de seu programa de compra de ativos e adotou um tom mais agressivo.

Qual o caminho até a paridade?

Sam Zief, chefe global de estratégia de câmbio do JPMorgan, disse ao site CNBC que o caminho exigiria "um rebaixamento nas expectativas de crescimento para a área do euro em relação aos EUA, semelhante ao que obtivemos logo após a invasão da Ucrânia".

Zief acredita que a situação é possível, mas certamente não é o cenário base. Mesmo assim, para o especialista a paridade seria "o pior cenário possível".

Segundo ele, o euro parece "incrivelmente barato" no momento. "Não acho que haja muitos clientes que olharão para trás em dois ou três anos e acharão que comprar euro abaixo de US$ 1,05 foi uma má idéia", disse Zief.

Stephen Gallo, chefe europeu de estratégia da BMO Capital Markets, também afirmou à CNBC que a evolução dos fluxos centrais da balança de pagamentos do euro e a perspectiva de choques negativos no fornecimento de energia arrastaram a moeda para baixo.

Para o especialista, uma mudança para paridade entre euro e dólar exigiria "inércia política" do BCE, com taxas inalteradas, e um embargo completo às importações russas de combustíveis fósseis por parte da Alemanha - que poderia levar ao racionamento de energia.

Dólar estaria 'muito alto'

O índice do dólar subiu cerca de 8% desde o início de 2022. George Saravelos, co-diretor global de pesquisa de câmbio do Deutsche Bank, acredita que um ponto de virada está próximo. Para ele, a Europa não está prestes a entrar em recessão: "Nossas previsões implicam que o EUR/USD voltará a 1,10 e não à paridade nos próximos meses", afirmou.

Embora muitos analistas permaneçam céticos de que a paridade será alcançada, pelo menos de maneira persistente, nos mercados há o temor de que o euro acabe enfraquecendo ainda mais.

E você, o que acha que vai acontecer? Acredita em uma futura paridade entre dólar e euro? Conte para a gente!