O payroll norte-americano divulgado nesta sexta-feira (3) surpreendeu: foram criadas nada menos do que 517 mil novas vagas de emprego não-agrícolas em janeiro de 2023. Com o resultado, a taxa de desemprego atingiu a mínima de 53 anos - o nível mais baixo desde maio de 1969.

O dado, descrito como "incrivelmente forte" pelo site especializado CNBC, veio três vezes acima da estimativa de 187 mil novas vagas feita por especialistas da Dow Jones. Já a taxa de desemprego caiu para 3,4%, contra a estimativa de 3,6%.

Os setores que mais cresceram foram lazer e hospitalidade, com 128 mil novas vagas, seguidos por serviços e comércio, com 82 mil vagas, governo, com 74 mil e assistência médica, com 58 mil novos postos.

Os salários também registraram ganhos sólidos no mês: a hora aumentou 0,3%, em linha com a estimativa, e 4,4% em relação ao ano anterior, 0,1% acima das expectativas.

Reação do mercado

Após o relatório, os mercados dos EUA caíram, com os futuros dos índices Dow Jones Industrial Average descendo 0,68%, do S&P 500 recuando 1,28% e os da Nasdaq 100 retraindo 2,20% às 11h14 - momento do fechamento desta reportagem.

E os juros? E o Federal Reserve?

O banco central norte-americano (Federal Reserve) vem tentando desacelerar a economia do país e reduzir a inflação, que chegou ao nível mais alto desde o início dos anos 1980 - e já elevou a taxa básica de juros oito vezes desde março de 2022.

Na quarta-feira (1), o Fed manteve o ciclo de alta, mas em menor intensidade, subindo a taxa em 0,25 ponto percentual - o que elevou-a ao patamar entre 4,5% e 4,75%. Jerome Powell afirmou, na coletiva após a reunião, que o mercado de trabalho ainda está "desequilibrado". Em dezembro, havia cerca de 11 milhões de vagas de emprego - duas para cada trabalhador disponível.

Apesar do resultado do payroll, que mostra uma economia ainda aquecida, as autoridades do Fed expressaram a intenção de manter as taxas elevadas pelo tempo necessário para reduzir a inflação - além de avisar que novas altas nos juros ainda devem ocorrer. 

Apesar do cenário, os mercados estão apostando que o Fed comece a cortar os juros antes do final de 2023.