A produção de combustível de aviação sustentável no Brasil ganha destaque com o etanol

A produção de combustível de aviação sustentável no Brasil ganha destaque com o etanol

O produto será utilizado para abastecer a primeira instalação de fabricação deste combustível nos Estados Unidos, ultrapassando o etanol de milho produzido no país. A São Martinho é esperada como a primeira fornecedora, com a Raízen seguindo em sequência. 

 Os Estados Unidos alcançaram um marco significativo na tecnologia ao inaugurar a primeira instalação dedicada à produção de combustível de aviação sustentável baseado em etanol. No entanto, serão os produtores de etanol do Brasil que inicialmente se beneficiarão dessa inovação.

A nova fábrica, operada pela LanzaJet na região rural da Geórgia, embora esteja equipada para processar o etanol de milho produzido nos EUA, dará prioridade ao etanol de cana-de-açúcar importado do Brasil no início de sua operação comercial. Isso se deve ao fato de muitas das principais usinas de etanol brasileiras já terem obtido certificação para produzir a matéria-prima necessária para o combustível de aviação sustentável (SAF), cumprindo os exigentes padrões tanto americanos quanto internacionais.

Entre as empresas brasileiras, a São Martinho é esperada para ser uma das primeiras a fornecer esse tipo de combustível para o mercado de SAF nos EUA, posicionando-se como uma pioneira nesse setor emergente.

A empresa obteve todas as certificações necessárias, incluindo o padrão Corsia, que é reconhecido internacionalmente e estabelecido pela agência reguladora de aviação das Nações Unidas, além de estar registrada na Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA).

Para atender ao padrão Corsia, que visa a compensação e redução de carbono na aviação, é necessário que os produtores demonstrem que o etanol foi produzido com baixa emissão de carbono e que sua produção não contribuiu para o desmatamento. Além disso, a EPA exige que se comprove que os volumes de produção podem ser armazenados e transportados de forma separada de outros combustíveis.

Outros importantes produtores de etanol no Brasil, como Raízen (RAIZ4), BP Bunge Bioenergia e usinas associadas à Copersucar, também receberam a certificação Corsia. Adicionalmente, tanto a Raízen quanto a Copersucar estão registradas na Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), conforme informado pelas próprias companhias.

A competição para fornecer etanol para a produção de SAF (combustível de aviação sustentável) torna-se cada vez mais crucial para as usinas brasileiras, especialmente com o crescimento dos veículos elétricos, que representam uma ameaça ao mercado de biocombustíveis. Segundo estimativas da Raízen, a demanda mundial por SAF à base de etanol poderá requerer até 9 bilhões de litros anuais de biocombustível até 2030, o que representa cerca de um terço da produção total de etanol de cana no Brasil.

Diversas instalações de SAF localizam-se próximas à costa do Golfo do México, no sul dos Estados Unidos, uma área estratégica que facilita economicamente as importações. Quando a LanzaJet realizou a inauguração oficial de suas instalações em janeiro, houve críticas por parte das associações de milho e etanol norte-americanas, que destacaram a falta de disponibilidade de etanol americano com baixa emissão de carbono para ser utilizado na fábrica.

Representantes da indústria de etanol dos EUA perceberam essa inauguração como um sinal de alerta, enfatizando a necessidade de acelerar os esforços para reduzir os gases de efeito estufa ao longo de toda a cadeia produtiva do etanol. A abertura das instalações da LanzaJet serviu como um incentivo para que a indústria americana intensifique suas práticas sustentáveis de produção.

Embora a BP Bunge Bioenergia ainda não tenha iniciado a produção e os embarques de etanol para a fabricação de SAF, a empresa planeja iniciar essas operações dentro deste ano. Eles estimam a possibilidade de exportar até 500 milhões de litros de etanol para uso em instalações de combustível de aviação mais sustentáveis, assim que estiverem operacionais.

Enquanto isso, a indústria americana de etanol está trabalhando para criar condições de mercado mais equitativas, investindo em grandes projetos de captura e armazenamento de carbono para diminuir a intensidade de carbono do etanol de milho o suficiente para competir no setor de SAF. No entanto, esses projetos enfrentam resistência de grupos ambientalistas e de proprietários de terras que questionam seu impacto ambiental.

No Brasil, o desafio continua sendo a logística de transporte do etanol. A maior parte do biocombustível brasileiro é transportada por caminhões, o que pode resultar em emissões adicionais de carbono. Existem alguns oleodutos de etanol, mas eles ainda não alcançam o principal porto brasileiro, limitando a eficiência do transporte para exportação.

A emergência do SAF (combustível de aviação sustentável) como uma alternativa viável para reduzir a pegada de carbono do setor aéreo destaca o papel significativo que tanto o Brasil quanto os Estados Unidos desempenham na cadeia global de biocombustíveis. Enquanto o Brasil se destaca com seu etanol de cana-de-açúcar, os EUA estão avançando na adaptação tecnológica e normativa para tornar seu etanol de milho competitivo. Ambos os países enfrentam desafios distintos, como aprimorar a logística de transporte no Brasil e intensificar as práticas de redução de carbono nos EUA. A colaboração e a inovação contínuas serão cruciais para superar esses obstáculos e para que o SAF se estabeleça como uma solução de longo prazo no combate às mudanças climáticas.

Fonte: Bloomberg línea.

 

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Sexta, 03 Mai 2024

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